Será que vou voltar a fazer as coisas que fazia antes?
Um dos pensamentos que rondava a minha cabeça no primeiro ano de maternidade e que também é tema de conversas com amigas que são mães, é se iremos voltar a fazer as coisas que fazíamos antes de nos tornarmos mães. Hoje, com o Joaquim com 3 anos de idade vejo que não vamos voltar a fazer as coisas da forma que era, porque a nova vida inclui um bebê, inclui uma nova logística, inclui uma nova responsabilidade. Mas sim, vamos voltar a fazer as coisas que gostamos e que fazem parte da nossa vida. Pode demorar um pouco, mas voltamos sim.
Na minha pequena experiência como mãe vejo que esse “voltar” requer alguns pontos que precisam ser ajustados, para que seja prazeroso para a mãe e o bebê.
1. Querer fazer as atividades de antes
Será que tudo que eu fazia antes de ser mãe eu quero trazer para essa nova vida? Eu sempre me faço essa pergunta quando penso na Gabriella sem filho. Algumas das coisas que permaneceram foram: passear sozinha (nesse caso só com o bebê), fazer programas culturais, viajar, tirar uma soneca de tarde, ler um livro, fazer a unha em casa e estudar.
E uma que tirei 90% da rotina, foi ir em festas a noite. Nunca fui muito fã e agora com o Joaquim escolho quais vou. Vai fazer uma festa no período da tarde? Opa, estou dentro.
Mas antes que você pense que foi fácil voltar com as atividades de antes sendo mãe, não foi. Não bastou só querer, tive que criar uma rotina para o Joaquim e ajustar a minha a dele. Tive que abrir mão da perfeição e aceitar que imprevistos poderiam acontecer e eu teria que lidar com eles. Tive que ajustar o ritmo dos passeios para que o Joaquim ficasse confortável e, principalmente, fazer uma soneca durante o passeio para que ele não saísse da rotina das sonecas. Tive que aprender a lidar com os choros em público, com os olhares dos outros, com os comentários indesejados, com as trocas de fralda improvisada e com amamentar em público.
2. Estabelecer uma rotina para o Joaquim
Um dos conselhos que li durante a gestação e no início da maternidade, foi criar uma rotina para o Joaquim. E a primeira rotina que criei foi a do sono noturno, uma rotina que consistia e consiste em jantar, tomar banho, colocar o pijama e já ficar no quarto para dormir. Hoje, com o Joaquim com 3 anos tem dias que essa rotina muda um pouco ele vai dormir mais tarde, mas ele já sabe que depois do banho é hora de desacelerar.
O que também me ajudou com a construção da rotina do Joaquim foi estudar sobre sono e saber qual era a janela de sono dele (período que o bebê fica acordado até dar sinais de sono para a soneca). Aprender os sinais de quando ele está com sono e qual é o momento pra levar-lo para soneca ou sono noturno, me ajudava a definir os momentos que iria amamentar ou dar uma refeição, momentos para brincar, momentos que iria sair pra dar uma volta na pracinha ou no centro.
Quando a criança tem previsibilidade do que vai realizar no dia, ela fica mais calma, o dia flui melhor e a mãe consegue acrescentar atividades pra ela trazendo de volta a sensação de “hoje fiz algo por mim”.
Atualmente, a rotina semanal do Joaquim consiste em:
6h00: Acordar para se arrumar pra creche
6h35: A van passa para pegá-lo
8h00 às 12h00: ele está na creche
12h35: A van deixa o Joaquim em casa
6h35: A van passa para pegá-lo
8h00 às 12h00: ele está na creche
12h35: A van deixa o Joaquim em casa
Ele sempre chega dormindo e tem dias que permanece dormindo, mas na maioria tento manter ele acordado, porque assim ele vai dormir mais cedo. Nesse caso, minhas queridas amigas mães, a TV é a minha aliadas e ela fica a tarde toda ligada. Tem momentos que ele se cansa e vai brincar sozinho, tem momentos que eu paro e vou brincar com ele, mas a TV é a minha rede de apoio semanal.
18h30: Jantamos
19h30: Dou banho e já seguimos para a rotina noturna
19h30: Dou banho e já seguimos para a rotina noturna
Tem dias que às 19h30 ele já está dormindo de tão cansado. Tem dias que às 20h ele está dormindo. Tudo vai depender dos sinais que o corpo dele me dá, se está com muito ou pouco sono.
Tem dias que a rotina não acontece? Com certeza. Mas voltar pra ela não é difícil porque ele já sabe como é a rotina dele.
3. Não ter presa para que as atividades de antes voltem.
No primeiro mês do Joaquim eu pensei que não ia dar conta de trabalhar home office e cuidar de um bebê. Depois que tivemos o laudo que ele tinha cranioestenose o meu foco ficou 100% nele, na cirurgia e no desenvolvimento dele. E mesmo sabendo (e querendo) da importância de voltar a fazer as coisas que eu gostava, naquela época eu entendi que o momento pedia essa dedicação a mais pra ele e que no momento certo eu ia voltar a fazer as minhas coisas.
4. Respeitar o tempo das coisas e ir introduzindo aos poucos as atividades
Sim, com o tempo os cuidados com o bebê ficam mais fáceis, o sono dele melhora e você, de forma natural (pelo menos pra mim), vai notando os momentos "livres" que tem na rotina e começa aos poucos introduzir algumas atividades só sua.
Eu optei por sair para lugares fechados só depois dos 4 meses do Joaquim, por conta das vacinas, mas nesse período durante a semana eu colocava ele no sling e ia dar uma volta até a praça ou até o centro. Sair com o bebê não é bom só para ele, também é para a mãe. E conforme eu ia superando os perrengues de sair com um bebê/criança ia me dando uma força pra sair com ele para outros lugares.
Essa dica anda junto com a anterior, porque ao mesmo tempo que você respeita o tempo das coisas você também aprende a não ter presa. Eu sei que em alguns momentos é difícil não se comparar, mas na maternidade é muito importante você trabalhar a não comparação, porque cada realidade é única, cada mãe é uma mãe, cada bebê é um bebê.
Eu também vejo que esse voltar a fazer as coisas de antes, seja sozinha ou com o bebê, também envolve uma etapa do parceiro entender que é importante você ter os seus momentos e você demonstrar para o bebê que aquela atividade é importante. Por exemplo, eu gosto de passeios culturais, de ir em museus, então eu vou levar o Joaquim comigo nesse locais. Eu explico pra ele aonde vamos, o que vamos fazer e chegando lá explico se pode ou não tocar nas coisas, se pode ou não ficar falando alto, e aos poucos ele vai entendendo como se "comportar" nesses locais. Spoiler: ele adora todos os passeios.
Esse voltar não acontece do dia para a noite e no meio desse processo você também vai introduzindo novas atividades, ressignificando outras e criando momentos só seu e momentos seu com o seu filho.




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