Relato do parto: Como foi a jornada de nascimento do Joaquim

Sabe cena de novela? Então, em alguns momentos enquanto estava no hospital eu me senti em uma. 


Olhar para o berço ao lado da cama, ver o Joaquim e relembrar como foi o parto, me trouxe essa sensação. Uma sensação de "será que real?", de "caraca esse menino saiu de mim", de "ual, eu consegui passar por um parto normal", de "minha vida a partir de hoje é outra". 

Gestar um bebê, passar por um parto e se tornar mãe, é algo tão grandioso que muitas vezes faltam palavras para descreve todas essas etapas. E nesse post, quero compartilhar (tentar) um pouco de como foi o meu parto. 


Eu sei que o parto se refere ao momento que a mulher já está com contrações, indo para o hospital e dando início a jornada que ela decidiu pra ser a via que o baby dela vai chegar nesse mundo. Mas, pra mim, o parto teve um pré, que antecedeu tudo isso. 


No meu caso, esse pré começou assim que chegamos nas 37 semanas. Ali, já sabia que o Joaquim estava "pronto" para nascer e o que comecei a fazer foi me conectar com ele e com o evento "parto". 


Uma das coisas que tinha menos medo era do parto em si. Antes mesmo de engravidar já tinha decidido que queria um parto normal e já sabia que não seria fácil. O meu papel ia ser estudar e me preparar para esse momento e foi o que fiz. 


Então, a partir das 37 semanas comecei a conversar mais com o Joaquim, deixando claro que era pra ele vir quando quisesse e também a mentalizar o dia do parto em si. A todo momento relembrava dos exercícios de respiração que aprendi no pilates e na fisioterapira pélvica, fazendo eles em casa e buscando descansar o corpo e a mente. Também fui falando para mim mesma que eu saberia identificar os sinais do trabalho de parto (mesmo nunca tendo passado por ele) e que não precisaria me desesperar. Desde as 37 semanas passei a confiar mais de que o meu corpo daria conta do parto normal. 


Ainda nesse período de pré-parto, minha irmã veio para o Ouro Prero e foram duas semanas curtindo ela e passeando por Ouro Preto. Confesso que não sei dá onde tirei tanta energia para bater perna. Mas foi ótimo, fez com que eu não lembrasse (a todo momento) que o Joaquim poderia nascer a qualquer hora. 


Dia do parto 


Eu já estava sentindo que o Joaquim não iria vir na DPP (data provável do parto) dele, que era 4 de agosto. Pelo contrário, estava bem confiante que ele viria no dia 28 de julho (dia que iria completar 39 semanas). Mas, como é o bebê que decide o momento de vir, no domingo (24/07) comecei o dia sentindo contrações um pouco doloridas (uma leve dor de cólica). Já sabia que elas eram as contrações de treinamento e que não precisava me preocupar. O que fui fazendo ao longo do dia, foi anotar os horários que elas estavam vindo pra ver se havia algum padrão. E o que notei, foi que que a cada 1 hora a contração vinha. 


Já na segunda-feira (25/07), as contrações de treinamento deram uma diminuída e cheguei anotar apenas as que estavam acompanhadas de uma leve dor. Mas, por volta das 23h acordo com vontade de fazer xixi e uma contração dolorida. Nesse momento, voltei para o quarto pensando "olha, a mulher tem que querer muito um parto normal, porque o processo é longo, as contrações doem e pra ela ir para uma cesária é um pulo". 


Entramos na terça-feira (26/07) e por volta da meia-noite o Roberto acorda pra ir ao banheiro, olha o relógio e fala "que maravilha, ainda é meia-noite". Nisso, quando ele volta para o quarto e deita na cama, eu sinto que há algo saindo se mim e que não dá pra segurar (tipo fazer aquela força pra segurar o xixi), e na hora pulo da cama. Adivinha? Minha bolsa se rompeu. Só falei para o Roberto "minha bolsa rompeu". 


Na hora, tirei uma foto pra mandar pra minhha médica e analisar como estava a cor. Fui para o banheiro para que o líquido da bolsa terminasse de sair e também para me limpar. 


Do momento que a bolsa estourou até começar a sentir as contrações mais ritmadas, terminei de juntar as coisas que ia levar pra maternidade, trabalhei um pouco (faltava enviar uns emails e deixei eles programados) e conversei com o Roberto. 


Na minha idealização, esse momento da bolsa estourar, a espera em casa da evolução do trabalho de parto e ida para o hospital, ia acontecer de forma "calma". Imaginava que ia conseguir filmar todo o processo, que ia conseguir descansar e comer. Mas a realidade não foi essa. 


Assim que as primeiras contrações começaram com um certo ritmo, decidi ir para o chuveiro para dar uma relaxada. Não sei quantos minutos fiquei, só sei que foram três idas para o chuveira e em todas elas a resistência caiu devido o tempo que fiquei. 


De 00:00 até 3:00 fiquei revezando entre chuveiro e cama, até que as 3:00 ligo pra minha médica e relato que a bolsa estouro e como eu estava. Ela pede pra eu ir descansar e aguardar até às 5h da manhã, pra comunica-la sobre as contrações e avaliar se já era hora de ir para o hospital. 


Como nos meus estudos tinha lido relatos de mulheres que demoraram bastante pra entrar na fase latente do trabalho do parto, o que eu não queria era chegar no hospital com 5cm e ficar muito tempo lá até o Joaquim nascer. Mas, mal sabia eu que o meu corpo estava frenético nas contrações e que o trabalho de parto estava avançando rápido. 


De 3:00 às 5:00 eu senti muita dor. Não conseguia andar pela casa de tanta dor. Vomitei de dor. Fiz cocô por conta da dor. Acabei me machucando (sem querer) de tanto fazer massagem na lombar no lado esquerdo, pra aliviar um pouco a dor. Até que às 5:00 falei para o Roberto que queria ir para o hospital. E enquanto ele ligava para o táxi, eu ligava pra minha médica pra avisar que estava indo para o hospital. 


Sair da casa foi difícil, entrar no carro foi difícil, sair do carro e passar para a cadeira de rodas foi difícil. Hoje (dia que escrevo o relato), quando para para lembrar os detalhes de como foi o dia 26 de julho, muitas cenas aparecem borradas ou só consigo me  visualizar de olhos fechados e respirando. 


Voltando para o hospital, quando cheguei ele estava vazio e não demorou pra eu subir para o consultório do ginecologista. A minha médica tinha pedido para eu ser avaliada assim que chegasse no hospital e ligar pra ela informando com quantos cm já estava. E qual foi a minha surpresa? Assim que o médico plantonista fez o toque, eu já estava com quase 10 cm. Na hora o residente ligou pra minha médica e me levou pra sala de parto. Assim que cheguei na sala de parto fui direto pra baixo do chuveiro e lá fiquei até a minha médica chegar e eu ter que sair, por conta de manutenção no hospital que ia precisar fechar a água. 


Mais uma vez, na minha cabeça eu ia chegar no hospital posicionar o celular pra filmar todo o processo, o Roberto ia colocar uma música (ele colocou só na hora do expulsivo), que eu ia usar a bola de Pilates.. mas a realidade foi totalmente diferente. Eu nem lembrei que tinha levado um celular só para filmar o parto e na verdade nem sabia onde estava os celulares (o meu e o da filmagem). 


Do momento que sai do chuveiro até o Joaquim nascer, eu andei (um pouco) pelo quarto (a cada passo que dava vinha uma contração), deitei de lado na cama, comi um pouco de chocolate, bebi água, minha médica gravou um vídeo meu, fiz força e vocalizei bastante a dor. 


Durante a fase do expulsivo lembro de ter sentido um leve medo de ter que ir para uma cesária. Claro que se fosse necessário, não pensaria duas vezes. Maa eu estava tão concentrada, tinha me preparado tanto, estava empurando da forma correta, respirando da forma correta e me mantendo calma, que ir para uma cesária era um plano B que não queria viver. 


A posição que achei mais confortável para ter o Joaquim foi na banqueta (se eu estivesse no chuveiro, bem provável que ele teria nascido lá), com a minha médica na minha frente e o Roberto sentado atrás de mim. Lembro de muitos momentos orar e agradecer a Deus pela vida do Joaquim, lembro de conversar com o Joaquim nos intervalos das contrações, e de falar para mim mesma que o meu corpo dava conta e que as contrações era ele trabalhando, para trazer o meu filho ao mundo. 


E ele veio. Nasceu no dia 26 de julho de 2022, às 8h47, na Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto, pesando 2,725kg e 45cm. Chorou alto, veio direto para os meus braços e ficou ali até o momento indicado para cortar o cordão umbilical. E eu e o Roberto só sabíamos admirar e reparar em cada detalhe dele. 



Sobre a dor 


Mas afinal, qual é a dor do parto? Essa é uma pergunta muito difícil de responder, porque só quem já teve um parto normal, sabe qual é essa dor. E na tentativa de colocar em palavras, posso disser que é uma cólica muito, muito, muito forte. Mas essa cólica não dói na parte da frente da pelve (pé da barriga) e sim atrás, na lombar (nos ossos onde o bebê vai passar). E o restante do corpo acaba ficando dolorido, porque ele também é afetado por essa dor localizada. 


Eu descobri que estava grávida porque senti uma dor muito forte no pé da barriga (nunca tinha sentido), tanto que, inicialmente, pensei que fosse apêndice ou infecção urinária. 


Como já tinha tido essa experiência com dor logo no início da gravidez, a minha expectativa de dor para o trabalho de parto era essa. Eu tinha consciência de que ia doer muito, mas que seria uma dor boa. 


E o que aliviou a minha dor foi ir para o chuveiro e deixar a água quente cair nas costas, e respirar de forma consciente. E sim, assim que o bebê nasce a dor vai embora (como mágica) e você nem lembra mais dela. 


Minha médica levou a banqueta para o banheiro, para que eu pudesse descansar enquanto 
a água batia nas costas

E foi assim que o Joaquim veio a mundo. Muito do que senti no dia não entrou no texto, pelo fato de ser difícil descrever essa baita experiência. E é até bom não transformar todo esse sentimento em palavras, porque eles vão ficar comigo, como um filme, sendo relembrado toda vez que pensar sobre o dia 26/07/2022.

Ah, e se você também quiser me assistir contando sobre o parto, é só dar play no vídeo. 


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