O que eu aprendi trabalhando com empresários
Antes de escolher a
profissão que eu teria para a vida toda, minha mãe sempre falava que eu iria
trabalhar com algo onde eu poderia "mandar" nas pessoas. O tempo
passou, escolhi ser jornalista e antes mesmo de colar grau fui convidada para
gerenciar um programa de empreendedorismo. Não, eu não mando em ninguém. Mas
hoje, o meu trabalho envolve tomar grandes decisões, mostrar para os
empresários caminhos que eles podem seguir organizar meus horários como
empresária e assumir o papel de uma empresária. E posso confessar que não é
fácil.
Nesses 14 meses que
trabalho com o Empreender (esse é o nome do programa que gerencio), somado aos
oito meses que trabalhei na área de comunicação da ACEOP (Associação Comercial
e Empresarial de Ouro Preto), aprendi muitas coisas sobre o universo dos
empresários.
A #1 é que eles gostam de ser mimados, gostam que
a instituição ou pessoa com quem eles se relacionam estenda o tapete vermelho
para eles. E acreditem, esse tapete vermelho não é um bicho de sete cabeça, mas
sim coisas simples que afetam a vida de todos nós, como por exemplo: ser
solicita e dar toda atenção que precisar.
Aqui em Ouro Preto,
por ser uma cidade histórica e pequena, tem muitos empresários acomodados e que
não acreditam em novas ideias (uma pena) ou que são muito relutantes em, pelo
menos, ouvir sobre uma nova ação. Aprendi #2 que com essas pessoas é preciso ter uma
atenção diferenciada e sempre tentar mostrar de uma forma lúdica a ação que você
está propondo e quais ganhos o estabelecimento dele terá.
A #3 coisa que aprendi - e que no último
treinamento de equipe da Associação transformamos em plano de ação conjunto -
foi focar nos empresários que temos um relacionamento melhor e que sabemos que
eles vão participar de um evento ou atividade.
Também sobre
relacionamento entre empresários, percebi - e continuo aprendendo - que
muitos #4 têm receio de compartilhar com um colega do mesmo
ramo ações que deram certo no seu estabelecimento. Entendo que há concorrência, que há um medo da empresa x tomar o público da empresa y e que muitos estão
desacreditados de que ações em conjunto darão certo. E o que eu sempre tento
fazer é ouvir cada empresa e propor uma ação que não os afete diretamente, mas
sim o setor todo. Um exemplo é o Núcleo de Educação do Empreender que desenvolveu um festival de teatro (em outro idioma), onde os alunos de cada
escola tiveram contato com um grupo da Tunísia e puderam treinar os idiomas
francês e inglês.
Quem trabalha em
Associação ou algo do tipo, que lida diretamente com empresários, tem um ponto
que é fundamental levar em conta, #5 fazer com que eles se sintam parte de
algo. Todos nós gostamos de ser lembrados, todos nós gostamos de estar dentro
de grupo e com os empresários não é diferente. A carga de trabalho deles é
alta, são muitas responsabilidades, precisam ter conhecimento de todos os
setores da empresa, precisam tomar as piores e melhores decisões e quando eles
são procurados para representar uma instituição ou dar uma entrevista sobre o
segmento, é como se todo esse esforço valesse a pena.
A cada dia que passa
vou aprendendo novas ferramentas, vou me surpreendendo com novas ideias (vinda
deles) e engajamentos em ações que, inicialmente, eu não acreditaria que eles
aceitassem. É difícil. É desafiador. É motivador. É desgastante. É
recompensador. E hoje, trabalhando com o Empreender, minha alegria é ver uma
ação saindo do papel e os empresários de uma mesma classe unidos em prol de um bem
comum, o desenvolvimento e crescimento em conjunto.